Bochechas vermelhas…
“– É, eu sei que você saiu com ele, eu vi!
– Ah, mas apenas jantamos…
– Sei, então porque você ‘tá’ ficando com a cara toda vermelha?”
Todos nós, em algum momento de nossas vidas, passamos por alguma situação que nos deixa envergonhados (não necessariamente a situação acima). Acontece que quando ficamos com as faces rosadas acabamos nos destacando, nos exibindo demais para a sociedade. Exibir-se demais pode ser prejudicial pois a regra básica de sobrevivência de qualquer espécie é ser discreto, o mais discreto possível. Ora, essa exibição toda, sendo prejudicial, deveria ser eliminada ao longo do tempo pela força da seleção natural. Acontece que não é isso que vemos.
Nossa sociedade cresceu em cima de valores morais bem definidos. Quando alguém sai da linha, a sociedade precisa ter alguma forma de saber quem foi. E quando alguém faz algo errado ou inconveniente (como o caso da historinha acima, na qual a moça já sai com o cara logo no primeiro encontro) tende a ficar vermelho quando confrontado com os fatos. Isso, de acordo com o neurocientista V. S. Ramachandram, explica porque os homens acham mais bonitas ou interessantes as mulheres que ficam com as bochechas vermelhas fácil pois a mulher claramente diz ao homem (inconscientemente, é claro) que pode confiar nela pois se ela trair a sua face irá acusá-la.
Mas não são todos que pensam que é apenas isso: de acordo com o primatólogo Frans de Waal, o rubor surgiu para que os homens soubessem em quem confiar pois imagine caçar com alguém que não esboça expressão. Se a pessoa se embaraça e fica vermelha, tendemos a acreditar mais nela do que aquela que nunca fica vermelha.
Ficar com as bochechas vermelhas é um incrível paradoxo da Evolução pois uma característica que nos expõe tanto acabou sendo selecionado a permanecer entre nós, até hoje.