Resenha de “O Símbolo Perdido”

simbolo-perdido1 Depois de alguns anos sem publicar nada (devido principalmente a ações judiciais movidas contra ele), o ilustre autor de livros de suspense mais famoso da atualidade volta a tona. Dan Brown, autor do (como diz a orelha de um livro dele) mega-seller O Código da Vinci e do sucesso Anjos e Demônios aparece com mais um suspense cheio de símbolos, mistérios e conhecimentos da ciência moderna em O Símbolo Perdido.

Publicado pela Editora Sextante são 489 páginas de delírios e perseguições na capital dos Estados Unidos. Uma das principais diferenças que encontramos no livro é isto: geralmente as histórias de mistério e suspense se passam geralmente em cidades antigas ou com uma forte carga histórico, como foi o caso de Anjos e Demônios que se passa no Vaticano e em O Código da Vinci que se desenrola em Paris. Dessa vez Dan Brown faz que Robert Langdon, o simbologista de Harvard, se aventure em Washigton D.C.

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Ao ser chamado as pressas para ir ao Capitólio por seu grande amigo Peter Solomon – um grande filantropo e maçom (como sempre) – para dar uma palestra descobre que é enganado. Peter está desaparecido e tudo indica que está em perigo.

Quem arma tudo para cima de Robert é Mal’akh, que acredita que os fundadores dos Estados Unidos (que eram maçons) esconderam na cidade um tesouro que dá a quem possue poderes sobre-humanos! Mas como sabemos não é fácil chegar até esse tesouro. Pelo caminho há inúmeros símbolos e idiomas desconhecidos para serem decifrados. E único que pode solucioná-los e o nosso herói Robert.

Mas a situação complica quando Inoue Sato, a temível supervisora do Escritório de Segurança da CIA entra no caso para tentar desvendar o problema. Robert está disposto a ajudar o sequestrador sob ameaças de matar Peter se não fazê-lo. Mas Inoue não quer que um maluco tenha poderes sobre-humanos.

A caçada para ver quem chega primeiro (tanto em entender os enigmas que surgem no decorrer da história) quanto para pegar o sequestrador e encontrar Peter vivo ou não) começa pelas ruas de Washington.

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Bom, agora chega de spoilers. Dan Brown nos apresenta um mundo novo de conhecimento. Até mesmo para um americano, que mora em Washigton vai se impressionar com a quantidade de informações que ele mostra sobre os pontos turísticos da capital americana. Desde o Capitólio até a Biblioteca do Congresso (até uma planta baixa do Capitólio é mostrada na página 146). Não posso confirmar se realmente aquilo existe, mas deixa a história mais interessante.

Mas, uma coisa que Dan Brown apresenta para o leitor (infelizmente) é uma versão mais refinada do conhecido O Segredo, de Rhonda Byrne.

Super-resumo para que não sabe o que é isso: Rhonda e amiguinhos defendem que tudo o que você pedir o Universo vai te atender. Isso mesmo. Basta pedir que as coisas acontecem. Mas tem que pedir com vontade. Se o Universo ‘perceber’ que você realmente quer aquilo que deseja, ele vai conspirar ao seu favor.

Só que, ao invés de dizer isso abertamente ele usa uma coisa que tem até instituto nos Estados Unidos: a chamada Ciência Noética. Fique tranquilo, não é a Ciência que defende que Noé existiu e que o dilúvio foi real. Eles defendem coisa pior!

Para a Ciência Noética, o cérebro humano tem poder para alterar a estrutura da matéria em sua volta a ponto de fazer com que as coisas aconteçam do seu jeito. Katerine Solomon, irmã de Peter, é cientista noética e, de acordo com suas pesquisas, ela iria revolucionar o modo de como pensamos nas coisas. Bom, ao menos ajuda a vender livro, já que a ideia é interessante. Se é verdade, isso é outra coisa.

E como é bem lembrado no blog da Suzana Herculano-Houzel os antigos sempre tem a razão! Nas palavras dela:

“Falando nisso, descobri que a neurociência voltou ao século XVII: você sabia que, durante a meditação, a glândula pineal, sede da consciência, produz uma substância viscosa capaz de curar doenças e regenerar o corpo? Não? Nem eu. Mas Descartes, no século XVII, bem que achava que a pineal, por ser a única estrutura única de fato no cérebro (todas as outras existem aos pares), deveria ser a sede da mente. Hoje achamos que ela apenas produz algumas substâncias que participam da regulação de ritmos do cérebro.”

Outra coisa que ela menciona é que Dan Brown faz que Katerine (até então uma excelente cientista (embora diga umas coisas nada a ver)) diz na página 479:

“Aliás, você já viu um cérebro humano de verdade? Ele é constituído por duas partes: uma externa, chamada dura-máter, e outra interna, chamada pia-máter.”

Agora nas palavras da neurocientista Suzana:

“(…) lá pelas tantas a cientista do livro (sempre tem uma, certo?) explica a Langdon que “o cérebro tem duas partes: a dura-máter e a pia-máter”. Aaaaaaaaaaahhh!!! Ela refere-se a duas das três membranas que *envolvem* o cérebro; de cérebro, mesmo, elas não têm nada.”

Bom, uma coisa que ela nos faz pensar é que: se isso ele nem resolveu dar uma pesquisada para não sair dizendo mer…, digo, coisas erradas, imagine o que ele diz sobre os maçons no decorrer da história? Ok, ok, ele é casado com uma historiadora. Da arte. Mas isso são detalhes.

Bom, qual é a conclusão disso tudo? Bom, quem não gosta de ler ficção por não dizer verdades científicas, fuja do livro! Mas quem gosta de ficção (considera um passatempo para espairecer a cabeça) é uma boa. Você quer saber o que acontece no próximo capítulo e as coisas vão se complicando e se solucionando ao mesmo tempo. Mas quem acredita em tudo que lê (sem nem fazer uma pesquisinha básica por aí) eu não recomendo. É uma boa ficção, mas só. As coisas que ele diz ser verdadeiras não são ou não devem ser levadas tão a sério.

Sinceramente eu gostei. Acho que Dan Brown surpreendeu ao colocar as coisas acontecerem em Washington e citar antigos maçons e ideias fanáticas que podem causar problemas. Recomendo a leitura. Você terá um ótimo passatempo em mãos.

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