O Ter Humano

 

Um dos comerciais mais conhecido de todos os tempos. Essa propaganda está na lista dos 100 melhores comerciais de todos os tempos. A atriz Patrícia Luchesi tinha apenas 11 anos na época quando fez o comercial (se fosse hoje ia ter um monte de falação a toa, certeza).

Gostaria que você, nobre leitor (ou leitora) imaginasse a seguinte situação: eu sou dono de uma empresa e quero que você use uma camisa com o nome dela e saia andando por aí. Acontece que não pagarei nada a você e para VOCÊ fazer propaganda MINHA você terá que me pagar.

Creio que todo mundo (ou a grande maioria) responderia um sonoro “NÃO”. Então, caros internautas, sinto muito dizer isso mas milhões de pessoas mundo afora (e isso pode incluir você) fazem isso todo dia para as empresas. Ou vai me dizer que nunca viu uma pessoa com a camisa da Puma ou um Nike no pé?

Antes de você querer passar a mão no telefone querendo o seu advogado é melhor esclarecermos as coisas: afinal de contas não seríamos tão idiotas a ponto de pagar para fazer publicidade para os outros. Isso é apenas uma consequência que acontece por causa de uma característica inata do ser humano: ter uma identidade.

As empresas gastam bilhões de dólares por ano para construir a imagem que agrade uma determinada fatia do mercado. Algumas, como a Calvin Clain (famosa pelo duplo C) é especializada em produtos femininos. Já o Armani é mais voltada para o público masculino. Acontece que as empresas começaram a vincular seus produtos a determinados conceitos que julgamos corretos ou que nos faz parecer “parte a família”, ou seja, a empresa pensa como eu. Marcas como a Nike gastam milhões a cada ano desenvolvendo propagandas vinculadas principalmente ao esporte. Essa empresa passa a imagem de força e determinação. Os consumidores, mesmo inconscientemente, acabam adquirindo produtos pois também serão fortes e determinados. Isso me lembra a algumas tribos canibais que comem a carne de guerreiros de tribos inimigas. Para eles, ao fazer isso, estarão absorvendo a força e coragem do pobre guerreiro (nota: espero não ser processado por nenhuma empresa por a estar relacionando com tribos comedoras de gente).

Voltando a questão da identidade. As empresas acabam criando uma identidade única que fica gravada na cabeça das pessoas por meio das criativas e chamativas propagandas (no maior mercado consumidor do mundo, os EUA, existe até um momento do ano em que sua propaganda será exibida para praticamente todos os americanos: durante o intervalo do final do Superbowl. Mas prepare-se para gastar uma graninha: trinta segundos equivalem a cerca de US$ 3 milhões de dólares). E as pessoas, ao usarem os produtos dessas marcas, acabam dizendo ao mundo que cultua os mesmos valores. Não precisamos mais perder tempo criando uma identidade própria perante a sociedade: a iniciativa privada acaba fazendo isso por você. A única coisa que as empresas pedem para você “se identificar” é que a identidade está ligada a marca e portanto, para que isso dê certo, é preciso andar com a marca por aí. Mas pensa: você fazendo isso acaba de adquirir um status perante a sociedade. Sua identidade perante ela, o que você pensa ou faz está bem definida.

Creio que será difícil mudar a situação pois, de certa forma, todos saem ganhando. As empresas lucram e você cria uma pré-imagem sua para alguém antes mesmo de você abrir a boca. E como essa imagem ela sempre positiva (as empresas não vendem uma imagem negativa dela mesma, não é?) as pessoas tenderão a criar uma imagem positiva sua. Agora deixa eu terminar aqui. Preciso limpar meu All Star pois vou sair mais tarde. Fique tranquilo, eu não bebo, fico apenas na Coca-Cola mesmo. :)

Valor do comercial do Superbowl para 2010 de acordo com a CBS, via Ed.ito pelo Não Dito. Vídeo da propaganda para a empresa Valisére feito pela W/Brasil em 1987.

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