Calendário Cósmico 13

Há 400 milhões de anos atrás um grande rebuliço tomava conta da vida na Terra. Para os vertebrados,
surgiam os primeiros animais que conseguiam se aproveitar do oxigênio dissolvido na atmosfera,
uma fina camada de ar que cobre o planetinha azul girando ao redor de uma estrelinha amarelinha.
Um desses vertebrados aventureiros em terra firme, 400 milhões de anos depois, descobriram que o
céu não era mais limite. Foto feita pelos astronautas da Apollo 8, a primeira missão
tripulada à Lua (sem pouso).

21 de Dezembro
09:17:48 - Respirando ar...
Equivalente ao tempo real: cerca de 400 milhões de anos atrás.

Estamos, no Calendário Cósmico, no período Devoniano da Era Paleozoica. Nesse período as plantas já haviam conquistado o ambiente terrestre. O ambiente estava sendo, aos poucos, dominados por enormes florestas compostas, sobretudo, de espécies parecidas com as samambaias atuais. Já no ambiente aquático, daremos destaque a um grupo de animais vertebrados bem interessantes.

Os peixes são vertebrados bastante antigos na Terra. O período Devoniano é conhecido como a 'Época do Peixes' pois as mais diferentes ordens existentes surgiram e se encontraram. Algumas sobreviveram e estão até hoje para contar a história e muitos extinguiram. Os peixes possuem uma estrutura interessante chamada bexiga natatória. Com ela, o peixe pode subir ou descer pela coluna d'água. Quando a bexiga natatória está cheia de ar, o animal perde peso[1] e ele sobe. Quando ele esvazia essa bexiga, ele fica mais pesado e desce. Em um grupo em especial desses peixes, a bexiga natatória poderia ser muito vascularizada, ou seja, era coberta por muitos vasoso sanguíneos. Quando o animal armazenava ar dentro dessa bolsa, ele poderia ali realizar as primeiras trocas gasosas se aproveitando do ar atmosférico!

Embora não pareça, uma vantagem é óbvia. O ar atmosférico contém muito mais oxigênio dissolvido que na água. Mais de 30% do ar atmosférico da época era composto por esse gás. Atualmente, apenas três espécies descritas respiram ou possuem a bexiga natatória modificada para respiração. A piramboia, encontrada na bacia Amazônica, é um desses exemplares. Outra espécie é encontrada na África e outra na Austrália.

Mas quem se beneficiou com essa adaptação pra lá de vantajosa foi um outro grupo aparentado que começou a ganhar novos terrenos. As espécies que conseguiam subir à terra firme para se proteger dos predadores ou para se alimentar tinham mais vantagens em termos evolutivos e conseguiram passar essa característica para frente. Os descendentes dessas espécies que se aventuraram pela terra foram os ancestrais de todos os tetrápodes existentes hoje[2].

[1]: não é perder peso no sentido de perder massa. O que acontece é que o animal fica menos denso já que aumentamos seu volume. O contrário é valido também.

[2]: obviamente não apenas o sistema respiratório foi se modificando de modo a permitir usufruir do ar atmosférico que fez os tetrápodes aventurarem em terra firme. A presença de ossos (ver post do Calendário Cósmico anterior), de homeostasia (ou seja, regular internamente as funções para alcançar o equilíbrio) e de outras estruturas que surgiram quando ainda estavam na água que permitiram eles se aventurarem. As estruturas não foram pensadas de modo a eles saírem na água e começarem uma vida nova na terra firme. Foram novas adaptações que foram surgindo e que ganharam novas funções no ambiente terrestre. Os ossos, por exemplo, que cito no post anterior da série, surgiram primeiramente como estruturas para armazenar minerais. Posteriormente, eles acabaram servindo como um meio de sustentação do corpo na terra.

Com imagem por NASA.

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