#BAD2013 - os direitos humanos

Desde quando o blog surgiu - isso em 2009 - participo do dia de ação de blogs, o Blog Action Day (ou BAD). A cada ano, é escolhido um tema para nortear as discussões. Embora o foco principal ocorra em blogs tanto pelo Brasil como pelo mundo[1], o tema abordado pode ser apresentado e discutido por vlogueiros, fotógrafos, designers e usuários de redes sociais - no Twitter e Facebook, use #BAD2013.

Esse ano, o BAD 2013 tem como tema norteador 'Os Direitos Humanos'. Nos dias de hoje, tem-se falado muito sobre os direitos humanos[2], como questões sobre aborto e casamento homoafetivo. Para o primeiro caso, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), no artigo terceiro "todo indivíduo tem direito à vida,...". O grande tocante nesse caso é: o que é indivíduo? Muitos consideram indivíduo o zigoto pós nidação (veja essa publicação de '9 Meses', feita no blog), outros acreditam que apenas após o desenvolvimento do sistema nervoso (entre 8 a 12 semanas após a fecundação) o organismo pode ser considerado como indivíduo. Há, também, aqueles que o indivíduo é apenas aquele que nasce. A situação é complexa, visto que muitos grupos pró-vida tem caráter religioso e são amparados tanto pelas leis federais como pela DUDH (artigos 2 e 18)[3].

Carta de Declaração Universal
dos Direitos Humanos. Clique aqui
para ver maior. Para ler os artigos
dessa declaração, clique aqui.
Já para o segundo caso, a situação envolve, essencialmente em entender a relação estado-religião em um governo laico e quanto a liberdade de um indivíduo "atrapalha" a liberdade de outro. Um grupo acredita que, ao aceitar o casamento homossexual, a sociedade estará fadada a se tornarem todos gays e lésbicas, resultando no fim da humanidade (por esse tipo de união não gerar filhos). Já o outro lado da discussão defende que o eles querem é apenas aquilo que é sensato: os mesmos direitos que o resto do mundo: abrir conta conjunta em banco, colocar o companheiro como beneficiário em planos de saúde e de seguro de vida, poder adotar crianças e tudo mais. Afinal de contas, todos nós (independentes da condição sexual) pagamos impostos, batemos o dedão do pé na beirada da cama (e xingamos muito), estudamos, trabalhamos, perdemos o controle remoto. Por que classificar os indivíduos por aquilo que fazem entre quatro paredes? Acredito que estamos discutindo a coisa errada aí.

Essa é apenas uma amostra de como o assunto 'direitos humanos' é mais complexo que parece. Até mesmo hoje, para mentes "esclarecidas e iluminadas", o assunto rende debates infindáveis, imagine em sua origem. Não, não digo a origem no fim da década de 40, quando a recém-criada ONU, com as lembranças dos horrores da 2ª Guerra rondando os países resolveu construir a carta com os 30 artigos da Declaração. O assunto já era debatido muito tempo antes. Desde os primórdios da civilização, o conceito de direitos humanos, onde todos os cidadãos compartilham, era exercitado. A organização 'United for Human Rights' fez um vídeo bacana algum tempo atrás sobre os direitos humanos.


O blog é sobre ciências e sei que fugi um pouco do tema proposto. Entretanto, é difícil unir ciência e direitos humanos (se bem que a abordagem sobre humanos como cobaias em experimentação científica pareça ser bacana). O mais difícil para mim, ainda, é o pouco conhecimento que possuo sobre o assunto. Desde termos simples que não conhecia e que aprendi ao escrever essa postagem, bem como sobre a amplitude que as ideias de direitos humanos podem levar. Muito se fala que os direitos humanos deveria ser apenas para os humanos direitos (numa clara alusão ao direitos humanos defenderem bandidos[2]). Mas, me pergunto: será que todos nós podemos nos chamar de humanos direitos para termos, realmente, o que pedir aos direitos humanos?

Quero viver para saber isso...

P.s.: essa postagem faz parte do #BAD2013. O tema desse ano foi Direitos Humanos. Se você tem um blog, um canal no Youtube ou conta nas redes sociais, participe!

Informações extras:
[1]: a participação é muito boa. Esse ano, até o momento em que escrevi, haviam mais de 1200 blogs de 107 países inscritos. Entretanto, apenas sete blogs inscritos se inscreveram na categoria 'science', dois brasileiros (que inclui o Do Nano ao Macro). Seria interessante ver a maior participação de blogs de ciências brasileiros nesse dia onde todos debatem um tema em comum.

[2]: principalmente no tocante de que eles defendem bandidos. O que é realmente uma situação delicada. A mídia  dá grande atenção à grupos de direitos humanos interessadas em saber das condições carcerárias no Brasil, numa clara ideia de que "o povo de bem" não tem esse tipo de assistência (bem do tipo: viu, cidadão pagante de impostos e que anda na linha. O marginal tem direitos humanos ao lado deles e você não.). Acontece que existem vários grupos interessados em defender a causa humana, seja para o 'lado dos bandidos ou dos mocinhos'. Acredito que o impacto na mídia de pessoas ajudando pessoas é menor que mostrar pessoas ajudando bandidos (como se não fossem pessoas).

[3]: no artigo 2, "todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.". Já o artigo 18 é mais específico: toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Imagem por BAD e British Library.

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