Fazendo um herói...

Um homem, ao colocar sua vida em risco em prol de outro, é um herói.
Monumento ao bombeiro voluntário em Barcelos, Portugal.

Quando falamos em heróis, já imaginamos aqueles homens com espadas nas mãos, vencendo incríveis obstáculos impossíveis de serem superados por meros mortais como nós, afim de alcançar o seu desejo, seja riquezas, a mão da bela donzela que fora raptada ou as duas coisas.

A primeira citação que se conhece do termo super-herói, de acordo com o dicionário inglês Merriam-Webster, data de 1917. Entretanto, o primeiro personagem com características de super-herói que temos hoje em dia (um vingador mascarado, esperto e cheio de truques) surgiu em 1903, com o lançamento de O Pimpinela Escarlate. Esse tipo de super-herói abriu terreno para outros heróis conhecidos e cômicos, como Zorro (1919) e Popeye (1929). Os super-heróis ganham superpoderes e iniciam a chamada 'Era de Ouro dos Quadrinhos', com o surgimento de Superman (Super Homem, em 1938).

Entretanto, o conceito de herói (não apenas do super-herói) é mais antiga. De fato, o leitor mais atento viu no começo que digo que o herói imaginado por mim é aquele com espada na mão e tudo mais, remontando a Idade Média (como o Shining Knight, o Cavaleiro Andante, primeira aparição em 1941). Embora o primeiro registro da palavra em inglês seja no século XIV, a ideia de herói é muito mais antiga. Em 1853, Hormuzd Rassam descobre a Epopeia de Gilgamesh, um dos mais antigos textos da literatura humana que sobreviveram no tempo. Embora as melhores versões preservadas tenham vindo da biblioteca do rei Assurbanipal, datadas do século VII AeC, registros do século XVIII AeC já apontavam para a epopeia.

De forma sintética, Gilgamesh e seu amigo Enkidu partem em aventuras em diversos lugares, descontentando deuses e matando monstros. A epopeia centraliza, posteriormente na busca de Gilgamesh da imortalidade após Enkidu morrer. Mesmo não conseguindo tal "poção" da imortalidade, ele retorna para Uruk, sua terra natal, com conhecimento de tradições antigas perdidas, sendo reconhecido por todos.

De certa forma, as histórias de heróis parecem mexer com o nosso imaginário. Você pode achar as peripécias de Gilgamesh no mundo antigo um tanto antiquadas e desgastadas mas, provavelmente, você já leu/assistiu as aventuras de 'Harry Potter' em um lugar diferente do nosso, onde coisas mágicas acontecem e pessoas tentam desviar do caminho trilhado pelo herói da série.O mesmo vale para 'Jogos Vorazes', 'Percy Jackson e os Olimpianos', 'O Senhor dos Anéis' e tantos outros.

Estou lendo nesses últimos meses a série 'As crônicas de gelo e fogo', conhecida por sua versão televisiva 'Game of Thrones'. A aventura toda, com vários pontos de vista, acontece em uma Terra paralela à nossa, ambientada na Idade Média onde cada personagem tem seu anseio e suas vontades.

Embora cada autor das histórias de heróis tenham sua liberdade para inventar o que cada personagem almeja e como ele vai fazer isso (e onde a história acontece), parece que, de certa forma, as histórias giram em torno de algo em comum: uma narrativa que mostra o personagem em seu ambiente seguro e algo nesse ambiente muda, forçando atravessar barreiras e indo para locais e situações novos, sempre desafiando o herói da trama. Entretanto, isso não é apenas coincidência, como o educador Matthew Winkler conta em um excelente e muito bonito vídeo do TED-Ed. O vídeo, de quatro minutos e meio, nos mostra que construir um herói é relativamente uma receita de bolo. Talvez a parte mais complicada desse bolo é o que o herói vai fazer para chegar até o final. Deve ser por isso que nos amarramos em histórias de heróis pois a próxima folha sempre revela algo que nunca iríamos imaginar.

Legendas em português disponível. Basta selecionar a opção no player.

Imagem por jpgmn em seu deviantART. Com informações de Merriam-Webster Dictionary [1] e [2] e aqui.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Calendário Cósmico 07

A mágica do diagnóstico - post 2

Répteis não existem...