Malária with lasers!

Malária com lasers? Corram para as montanhas![1]. Imagem por microscópio eletrônico de
varredura, mostrando hemácias rompidas liberando o protozoário da malária. Colorido no computador.
Calma! O protozoário da malária não ficou super-mutante a ponto de disparar lasers para todos os lados. Um trabalho publicado no finzinho de dezembro na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) aponta para um método de detecção da malária de uma forma totalmente não-invasivo, mais rápido e prático.

Atualmente o método de detecção mais usado é o parasitológico de sangue por meio da gota espessa. Nele, uma amostra de sangue do indivíduo é colocado em uma lâmina e observado diretamente no microscópio. Esse procedimento é, de longe, um dos mais rápidos e mais baratos disponíveis. Entretanto, esse método ainda requisita o uso de um microscópio óptico e de um local onde o material será analisado[2].

Entretanto, Lakianova-Hleb e seus colegas da Universidade de Rice, Houston, e da Universidade Johns Hopkins, Baltimore, desenvolveram um método de detecção não-invasivo (ou seja, nada é coletado do indivíduo), mais rápido que analisar lâminas num microscópio e mais prático, pois dispensa de um local próprio para análise.

Os pesquisadores propõem usar um laser de baixa frequência (entendeu agora a do título dessa postagem[3]). O laser, ao ser disparado no tecido do indivíduo, cria nanobolhas dentro das células desse tecido. Posteriormente as bolhas estouram, emitindo um barulho (obviamente bem baixo e indetectável pelos ouvidos humanos por e tratarem de bolhas nanoscópicas).

A sacada da equipe que fez o estudo foi conseguir diferenciar o barulho do estouro das nanobolhas presentes em células saudáveis daquelas presentes em células contaminadas com o protozoário. Com isso o aparelho, que emite o laser e capta os sons, é capaz de informar se o paciente está infectado, sem furar e tirar nada dele.

O aparelho, caso ganhe ares mais reais, deverão ser práticos e fáceis de transportar. Como exige apenas alguns segundos entre emitir o laser, ler os dados acústicos recebidos pelo estouro das nanobolhas e informar o resultado, centenas de análises poderão ser realizadas por dia, facilitando na detecção do parasita e o tratamento adequado.

Publiquei, em novembro de 2013, um artigo que li sobre como o protozoário da malária consegue viver dentro da célula do sangue humana. Caso queira saber como, além de ver alguns dados sobre a malária no mundo, clique aqui.

Acho essas pesquisas muito interessantes pois conseguem, além de produzir novos conhecimentos e novas possibilidades, mostram que o conhecimento científico é interdisciplinar. Ou seja pesquisadores de diferentes áreas (físicos e biólogos participaram desse estudo) uniram seus conhecimentos e produziram algo que poderá ajudar, daqui a alguns anos, mais pessoas que ainda sofrem com essas doenças no mundo tropical.

Informações extras:
[1]: de certa forma, essa dica é válida para o caso da malária. O mosquito que transmite a malária não consegue viver em altas altitudes. Por isso, algumas regiões da África, mesmo com grande número de casos de malária, algumas populações não apresentam malária pelo simples fato de viverem em regiões de altas altitudes, que confere um clima mais ameno. Entretanto, com as mudanças climáticas recentes, pessoas que nunca foram expostas à malária e que viviam em regiões mais altas começaram a sofrer com o visitante indesejado.

[2]: minha professora de Parasitologia nos disse que, em seus trabalhos no norte, parte de análises de sangue para detectar malária aconteciam em um barco.

[3]: A Praça é Nossa, aí vou eu! =D

Com imagem por Smithsonian.com. Com informações de Ceticismo.net e:
LUKIANOVA-HLEB, E. Y., CAMPBELL, K. M., CONSTANTINOU, P. E., BRAAM, J., OLSON, J. S., WARE, R. E., SULLIVAN. D. J., LAPOTKO, D. O. Hemozoin-generated vapor nonobubbles for transdermal reagent and needle-free detection of malaria. PNAS. 2013. Disponível em: <http://www.pnas.org/content/early/2013/12/26/1316253111>. Acessado em: 08 jan. 2014.

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